Opinião: Sylvinho precisa definir o conceito que deseja implementar no Corinthians

Sylvinho
Divulgação / Rodrigo Coca / Agência Corinthians

Na luta por uma vaga na próxima Libertadores, o Corinthians vem se mantendo no G6 por conta do desempenho defensivo. Mas Sylvinho segue com dificuldades para melhor o ataque alvinegro enquanto e a defesa vem tendo um bom desempenho muito por atuações individuais.

Mais do que nomes ou até mesmo formação tática, falta uma ideia clara de jogo, nos dois setores.

PROPOSTA OFENSIVA

O clube conseguiu melhorar os números do ataque, mas é apenas o 9º do Brasileirão em gols marcados. E contra a Chapecoense chamou muita atenção a forma como Sylvinho armou o time.

Apesar de um ataque mais móvel, sem um centroavante de referência, o time abusou de cruzamentos na área. Conforme o próprio treinador informou ao fim da partida, o clube levantou 38 bolas na área da Chapecoense, mas com exceção do gol, dois cabeceios (Gil e João Victor) e chutes de Jô e Du Queiroz, o goleiro rival quase não foi ameaçado.

Se a ideia de jogo era essa, Sylvinho deveria ter colocado Jô em campo antes, justamente para tentar aproveitar essas bolas.

Quase não se vê o Corinthians arriscar chutes de longa distância ou buscando jogadas pelo setor central do campo, abusando de jogadas individuais, mas com problemas na hora do chamado “último passe”.

Isso fica evidente ao analisarmos números coletivos do clube. A equipe treinada por Sylvinho lidera as estatísticas de dribles e passes, mas é apenas a 13ª em termos de finalizações, conforme dados do FootStats.

DEFESA QUE POUCO DESARMA

O Corinthians tem a segunda melhor defesa do Brasileirão, com 26 gols sofridos. Mas o clube é um dos que menos desarma na competição. Não por acaso, Cássio é o segundo goleiro com maior número de defesas no campeonato, atrás apenas de Mailson.

A proposta de Sylvinho parece ser de forçar o erro adversário, algo que aparece em relação ao número de interceptações do clube (150). O Timão é o terceiro neste quesito, atrás apenas do Red Bull Bragantino e Internacional.

Mas a questão é que o time pouco ‘agride’ os adversários e faz com que seus jogadores acabem se desgastando muito na recomposição defensiva. Dessa forma, os jogadores de frente acabam auxiliando demais no setor defensivo e sentindo a parte física na hora do apoio ao ataque. Esse fato inclusive foi citado por Giuliano em recente entrevista.

Em que pese a falta de pré-temporada e diferença no condicionamento físico dos atletas do elenco, fica claro também que o Corinthians ainda busca também o melhor ajuste defensivo. Com jogadores mais veteranos, como Giuliano e Renato Augusto, o ideal seria ter uma pressão na defesa adversário para recuperar a bola o quanto antes.

Porém, isso esbarra na defesa. A falta de um volante que desarme com qualidade, somada a natural queda física de Fábio Santos, Gil e Fagner faz com que essa marcação alta não possa ser aplicada, pelo menos por hora.

Não é mero acaso que muitas vezes vemos João Victor se esforçar para tentar interceptar bolas no meio de campo, justamente para tentar minimizar essa questão.

O QUE SYLVINHO PODERIA FAZER?

Em relação ao ataque, pelo menos para o fim do Brasileirão, são poucas opções. Caso a proposta seja manter o que aconteceu contra a Chapecoense, Sylvinho terá que pensar em voltar a escalar Jô.

Caso contrário, o treinador precisará criar alternativas para que o time consiga ter jogadas em velocidade, com infiltrações entre as linhas de defesa, evitando ficar alçando bolas na área.

Já na defesa, uma opção é manter Du Queiroz, que vem pedindo espaço no time titular e ter outro volante para ajudar no setor, justamente para liberar Renato Augusto e Giuliano. Mas Gabriel, que está em má fase, não pode ser o jogador, pelo menos nesse momento.

FUTURO DE SYLVINHO

O treinador vive uma reta final do Campeonato Brasileiro onde terá nove jogos para definir sua passagem pelo Corinthians. Pelo menos nas entrevistas, a impressão é de que o elenco e diretoria confiam no trabalho do técnico.

Mas para conseguir reverter sua imagem com a torcida, além da classificação para a Libertadores, Sylvinho precisará trazer ideias novas de jogo, conceitos que sejam aplicados em campo, justamente para corrigir os pontos citados nesta matéria.  Caso contrário, dificilmente ele será mantido no cargo em 2022.