Na tarde desta sexta-feira (21), Cuca foi oficializado como técnico do Corinthians até o final da temporada. O vínculo profissional foi assinado somente até dezembro.
O tema da entrevista, claro, foi a condenação de abuso sexual sofrida em 1987.
Ainda como jogador, Cuca e mais três companheiros do Grêmio foram acusados de manter relação com uma garota de 13 anos em Berna, na Suíça. Pouco tempo depois, ele foi condenado a 15 anos de prisão por estupro.
Na parte de fora do CT Joaquim Grava, diversas mulheres protestaram contra a chegada do treinador e Cuca resolveu se pronunciar.
“Esse é um tema delicado, um tema pessoal meu. Eu faço questão de falar sobre ele, e vou tentar ser o mais aberto possível quanto a isso, quanto ao que me cabe. É um tema que aconteceu há 30 anos, em 1987, eu fazia, não sei ao certo, estava emprestado do Juventude ao Grêmio, fiquei uns 20 dias para tirar o passaporte. Tenho vaga lembrança de tudo o que aconteceu porque foi há muito tempo. Nessa vaga lembrança que tenho, eu tinha 20 e poucos anos na época. Nós iríamos jogar uma partida, subiu uma menina ao quarto, o quarto era o que eu estava junto com outros jogadores. Era um quarto duplo. Essa foi a minha participação nesse caso. Eu sou totalmente inocente, eu não fiz nada”, iniciou Cuca.
“As pessoas falam que houve um estupro, houve acho que um ato sexual a vulnerável. Essa foi a pena que foi dada. A gente vê e ouve um monte de coisas que são inverdades, chegam a ofender. Eu vou fazer 60 anos daqui um mês, tenho duas filhas, uma de 32 e outra de 34. É um tema que elas nem existiam, já era casado com a Regiane e sou casado até hoje. Venho de uma casa onde sou o único homem da casa. Respeitei e respeito todas as mulheres. Nunca encostei o dedo indevidamente em uma mulher, nunca, ao longo de todos esses anos que vivo na bola, já trabalhei com vocês da imprensa, já estive em diversos clubes, já estive duas vezes no São Paulo, no Santos e no Palmeiras. Nunca me foi perguntado isso numa coletiva, não é só o Cuca que não falou do tema. Por quê? Porque naquele tempo as leis eram as mesmas”, seguiu.
“Se a vítima disse que eu não estava e eu juro por Nossa Senhora, que eu amo, que eu não estava, como é que eu posso ser condenado pela internet? O mundo mudou, eu sei disso, sei que a mulher tem uma autodefesa maior, e eu quero fazer parte disso. Eu sou pai, sou avô, sou marido, sou filho. Quero poder cada vez mais ajudar. Por isso estou aqui, um time que tem 53% de torcida feminina. Um time que tem a causa aí, até escrevi aqui, como é que é? Respeita as minas. Venho aqui e tem um protesto, é lógico que vai ter”.
“Dizem que eu devo uma desculpa a sociedade. Por que eu devo uma desculpa? Dois anos e meio depois desse caso eu fui jogar ali do lado, na Espanha, nunca teve consequência nenhuma. A vida mudou, mudou para melhor. Essa causa eu quero abraçar, até para a proteção da minha família. Tudo isso machuca muito, mas do fundo do meu coração, pode ter protesto, pode ter o que for, não é maior do que a vontade que eu tenho de estar aqui”, finalizou o treinador.
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