31/05/2025 @ 20:04h

“Golpe institucional”: Aliada de Augusto Melo no Corinthians assume Conselho e anula impeachment

O Corinthians vive um dos capítulos mais turbulentos de sua história recente. Neste sábado, menos de uma semana após ser afastado da presidência do clube, Augusto Melo se declarou de volta ao comando do Timão, após aliados assumirem a direção do Conselho Deliberativo e anularem a votação de impeachment.

A manobra foi conduzida pela conselheira Maria Angela de Souza Ocampos, aliada direta de Augusto, que se autoproclamou presidente do Conselho, com base numa decisão da Comissão de Ética, datada de 9 de abril, que determinava o afastamento de Romeu Tuma Júnior da função. Segundo ela, com Tuma fora do cargo desde então, todos os atos praticados por ele, inclusive a votação do impeachment realizada no último dia 26 de maio, são nulos.

Em um ofício formal, Maria Angela determinou a suspensão de todos os atos de Tuma desde abril, e ordenou que Augusto Melo reassuma imediatamente a presidência do clube.

“Determino […] a suspensão dos efeitos de todos os atos irregularmente praticados pelo senhor Romeu Tuma Júnior desde o dia 9 de abril […] decretando a nulidade inclusive da decisão tomada pelo plenário do Conselho Deliberativo no dia 26 de maio de 2025, relativamente ao afastamento do senhor presidente da diretoria”, declarou Maria Angela.

Além disso, ela apontou a necessidade de aguardar o fim do inquérito policial contra Augusto Melo, antes de qualquer nova votação pelo Conselho.

Tuma contesta: “Golpe institucional”

Romeu Tuma Júnior, que até então conduzia o Conselho e liderou o processo de impeachment, contestou a legalidade da manobra, classificando-a como um “golpe de quinta categoria”.

“Não fui notificado, não reconheço meu afastamento. A ata não tem assinatura do presidente, e a decisão teria que ser do colegiado, não do relator. Além disso, os processos contra mim sumiram!”, denunciou Tuma.

Em nota, ele foi ainda mais duro:

“É uma tentativa de golpe institucional perpetrada por um ex-presidente afastado por um processo legítimo e convalidado pela Justiça. Lamento que Augusto Melo, já indiciado pela Polícia por diversos crimes, consiga, junto com alguns seguidores aloprados, manchar a história centenária e democrática do Corinthians. Golpistas não passarão!”

A confusão se intensificou no fim da tarde deste sábado, quando Augusto Melo e seus aliados invadiram a sede social do clube no Parque São Jorge para retomar o poder. O presidente interino, Osmar Stabile, se recusou a deixar a sala da presidência.

Maria Angela afirmou que assumiu a liderança do Conselho por ser a 1ª secretária, e que o vice, Roberson de Medeiros, está afastado por licença médica.

Entenda a origem do imbróglio no Corinthians

A crise explodiu após denúncias de irregularidades contra Augusto Melo, que culminaram em um processo de impeachment liderado por Tuma Júnior. Na votação do dia 26, 176 conselheiros votaram pelo afastamento, contra 57 que foram contra.

Porém, segundo Maria Angela e os aliados de Augusto, esse processo seria inválido, já que, segundo a decisão da Comissão de Ética, Tuma estava afastado desde abril, e portanto não poderia ter conduzido o rito.

Tuma, por sua vez, alega que não foi notificado e que o afastamento deveria ter sido deliberado pelo plenário, não pela Comissão de Ética.

O processo contra Tuma foi motivado por acusações de que ele comandava o Conselho de forma parcial e prejudicava a imagem do Corinthians com declarações públicas.

Na última sexta, antes da reviravolta, Tuma já havia agendado a Assembleia Geral dos Sócios para o dia 9 de agosto, data na qual o impeachment de Augusto Melo poderia ser sacramentado ou revertido definitivamente.