4/06/2025 @ 12:17h

Choro, segredo no aeroporto e um ‘irmão’ na Seleção: os bastidores da convocação do goleiro do Corinthians

Com frequência, jogadores recorrem ao clichê de que toda convocação para a Seleção Brasileira é como se fosse a primeira, tamanha a emoção. Para o goleiro do Corinthians, essa máxima é mais do que verdadeira.

Chamado pela primeira vez há quase sete anos, Hugo Souza volta à Seleção em outras condições: mais experiente, com moral no Corinthians e após superar diversas adversidades e desconfianças.

— Essa tem um gosto especial, claro. Por mais que seja a segunda, mas é a primeira consolidada como profissional, realmente destaque. É uma situação totalmente diferente — disse Hugo Souza, em entrevista ao ge.

A primeira convocação de Hugo ocorreu em 2018, quando ainda jogava pelo sub-20 do Flamengo. Na época, o técnico Tite começou a dar oportunidades a jovens goleiros, de olho no ciclo olímpico.

Desde então, Hugo Souza enfrentou contestações no Flamengo e foi emprestado ao Chaves, de Portugal, até retornar ao Brasil para defender o Corinthians, onde conseguiu dar a volta por cima.

— O gosto é diferente, o sabor é especial, porque é um sentimento de que eu realmente consegui, sabe? Por tudo que eu passei, por altos e baixos, e conseguir, dentro desse último ano e meio, achar uma sequência, uma regularidade, manter um bom nível, conseguir desempenhar o melhor do meu futebol. Isso tornou mais especial ainda — afirmou.

A trajetória de Hugo Souza se cruza com a de outra novidade na lista do técnico Carlo Ancelotti: o zagueiro Alexsandro, atualmente no Lille. Ambos atuaram juntos na base do Flamengo e também passaram pelo Chaves, embora em momentos diferentes.

Os dois são amigos de longa data e comemoraram juntos a convocação para a Seleção.

— Ele jogou comigo no Flamengo, quando a gente era novo. E o que quase ninguém sabe é que o Alexsandro era de um bairro vizinho ao meu. Ele era o cara que morava junto comigo no CT, e a gente ia junto para casa depois dos jogos. Ele frequentava a minha casa, a gente ia cortar cabelo junto, ele foi no meu aniversário, eu fui no dele — relembrou Hugo Souza.

Hugo ainda ressaltou as dificuldades enfrentadas pelo amigo:

— Ele saiu de uma forma bem difícil no Flamengo, na base. Passou por algumas situações bem ruins, quando você vê pessoas querendo diminuir o outro. E ele passou por isso. Foi para a quarta divisão do futebol português, subiu, subiu, chegou no futebol francês e hoje está na Seleção junto comigo. Ele foi o único cara que eu mandei mensagem depois da convocação. Falei assim: “Olha como é que Deus é bom. Olha tudo que a gente passou, tudo que a gente viveu junto.”

O fato de ambos serem negros e altos rendia brincadeiras:

— Todo mundo falava que eram os gêmeos (risos).

Vivendo bom momento no Corinthians, Hugo Souza admite que já alimentava esperanças de ser convocado desde que Dorival Júnior era o técnico da Seleção.

Durante o anúncio da lista de Carlo Ancelotti, Hugo até tentou ter um pouco de privacidade, mas não conseguiu:

— Na hora da convocação, a gente estava no aeroporto, viajando para a Argentina, e eu fui para o banheiro para ver sozinho. Falei: “Se der errado, eu vou ficar aqui no meu canto e está tranquilo.” Só que demora, porque tem toda a apresentação do atleta e tudo mais. Saí, fiquei vendo sozinho, sentado no aeroporto. Aí o Matheuzinho encostou do meu lado, viu que eu estava vendo a convocação, o Talles colou também. Aí o Coronado veio do lado, e todo mundo ficou perguntando o que eu estava vendo. Estava todo mundo mais esperançoso do que eu até. E aí chegou uma hora que todo mundo se juntou ali para ver, e graças a Deus deu certo, a gente comemorou junto.

A Seleção Brasileira enfrenta o Equador, nesta quinta-feira, às 20h (Brasília), em Guayaquil. Depois, encara o Paraguai na próxima terça-feira, em um estádio bastante familiar para Hugo Souza: a Neo Química Arena, casa do Corinthians.